Tudo no Universo está em movimento, a vida se movimenta constantemente; em nós um bom volume de sangue percorre nossas veias sem cesar, assim como a respiração pulsa o ar a todo momento. O parir não poderia ser diferente.
Trabalho de parto é movimento, uma
reconexão consigo, com a força contida em nosso quadris, uma força
que cria espaço para o novo surgir, para o bebê nascer, para a vida
fluir.
Para que a abertura aconteça, percebi
através de minha experiência, que o movimento corporal é
fundamental, um movimento que traga relaxamento, soltura. Não há
regras em relação a isso, o melhor é o que a mulher deixa
acontecer. Fechar os olhos e se entregar, como uma dança, um
rebolado, um agachamento, tudo vale nesse encontro consigo. E de fato
não importa o local.
Vivenciei mais de uma hora de
contrações na recepção da maternidade, pois estava esperando para
fazer um exame, que diria se estava na hora de ficar para dar a Luz.
Na recepção mesmo me entreguei aos movimentos que sentia vontade
de fazer. Rebolei, agachei, andei, fiz tudo que de alguma forma me
aliviava, enquanto as contrações “pegavam” com força. Não
conseguia ficar sentada nem um minuto, era uma tortura para mim ficar
parada quando as contrações vinham. Acredito que essa forma de agir
me ajudou muito, pois meu trabalho de parto foi rápido* e consegui
me manter tranquila e serena durante a evolução das dilatações.
Andava e dizia pra mim mesma, relaxa,
se solta. Respirava fundo e soltava os ombros, a cabeça. Bebi muita
água e também vi a lojinha para bebês da maternidade. Fui para o
portão de entrada e observei as árvores, as pessoas que passavam,
as mães que saiam com seus pequenos nos braços. E aproveitava o
intervalo entre as contrações para pedir a Gaya, Mãe Terra, muita
força e conexão para viver esse lindo e desafiante momento.
Quando tive a oportunidade também me
lembrei de minha avó, que deu a Luz a 9 filhos, todos de forma
natural e ganhei força ao lembrar que agora era a minha vez de dar
continuidade a família, a força estava comigo, o momento era meu.
Eu era o papel principal, e tinha tudo que precisava para que a peça
ocorresse lindamente.
É interessante que a mente sempre tão
agitada não encontrou lugar para devaneios, permaneci mais no
presente, no “aqui e agora” durante todo o trabalho de parto, que
se iniciou quando as contrações entraram em ritmo, mantendo sempre um
mesmo padrão de duração e intervalo, um mesmo movimento.
*Meu trabalho de parto durou
aproximadamente 6:30h, sendo que em 5 horas já estava com
dilatação total. É considerado um parto rápido, uma vez que há vários casos de trabalho de parto de 12h ou até 24h.
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