No momento do seu nascimento -
um parto natural, hospitalar, com apoio de uma enfermeira obstétrica
- Vilma Nishi, de um obstetra - Dr. Antônio Júlio, de um pediatra –
Cacá, de um marido – Daniel e de uma fotógrafa - Letícia
Momesso. O trabalho de parto caminhou tranquilo, as contrações
ritmaram por volta das 14h e o pequeno nasceu próximo das 20:30h,
sendo que a dilatação total aconteceu cerca de 19h. Não fiz uso de
anestesia, nem de episiotomia, permiti ao corpo que fizesse seu
trabalho, algo que é natural e possível a todas as mulheres. A dor
existe, mas também existe PAZ e contentamento.
O parto é um momento único, uma
porta que se abre para inúmeras descobertas sobre si, a começar que
a mulher está prestes a nascer como mãe. Esse momento não poderia
ser menos intenso, pois é uma ruptura, onde somos capazes de
perceber nossa força, nossa garra, nosso amor. Tamanha intensidade
pode assustar as mulheres modernas, mas em minha experiência foi
fundamental para me sentir forte e firme para cuidar de meu filho,
principalmente nos seus primeiros dias - momento delicado chamado de
puerpério, que abordarei mais cuidadosamente em outro texto.
A abertura proporcionada pelo parto,
que não seria apenas física, mas também emocional, nos deixa
vulneráveis, não temos como nos agarrar em nossos medos, algo mais
forte nos puxa de nossas conchas e nos trás a realidade, afinal, um
filho está nascendo - faça força, respire, relaxe... - e quando
simplesmente achamos que não iremos dar conta, nos entregamos,
soltamos as rédeas e nesse exato momento ele nasce. Percebemos que
não somos o que achávamos ser, que existe algo mais, alguém capaz
de parir, de ir além de si mesma. E ao pegar o filho nos braços,
sentir aquele cheiro, olhar os seus olhos e perceber o Amor, vemos
que valeu a pena. Nesse momento minhas pernas ainda estavam tremulas,
e lembro de beijá-lo muito, e abençoá-lo. Eu estava bem dolorida,
mas meus olhos brilhavam, eu estava linda (pude ver nas fotos), uma
beleza real, um brilho espiritual, do milagre da vida. Não
acreditava que tinha sido capaz, e negava um pouco dentro de mim o
ocorrido, tamanha a força do acontecimento, mas ele estava ali em
meus braços e isso era real. Confesso que naquele momento dizia para
mim mesma que nunca mais passaria por outro parto, mas no dia
seguinte já sabia que faria tudo novamente.
O meu marido estava ao meu lado, me
acariciou o cabelo e o rosto durante os momentos finais, me
encorajando. Sei que sua visão sobre mim também mudou, e ele faz
questão de comentar com todos que tive um parto assim, NATURAL; algo
que não tem a ver com ser primitivo, ou alternativo demais, mas sim
de estar em busca de conexão com o Divino em todas os momentos, e
confiar. Fluir pela vida com mais carinho e brilho nos olhos. Ir além
dos medos e inseguranças e acreditar na força que nos gerou e que
mantem o sol nascendo, o rio correndo, o coração pulsando.
Paz e Luz!
Vivi
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