Amamentar
Quando
penso nessa palavra, nessa altura da minha vida, penso em entrega, troca,
olhar, carinho.
Um
banho de amor, um momento único de conexão com o pequeno ser, que está sob
minha responsabilidade, temporariamente, numa troca linda chamada maternidade.
Sempre
imaginei amamentar, nada fiz para preparar meus seios, apenas alguns banhos de
sol durante a gestação. Carreguei em silêncio certo receio de como seria o
sugar, se doeria, machucaria, se me daria aflição, e com esse mix de medos do novo,
me deparei com uma sensação linda ainda na sala de parto, pois logo depois do nascimento dispuseram o meu pequeno para mamar no meu seio.
Que sonho, todos os medos foram embora naquele instante, senti uma sensação
estranha física, mas nada que possa dizer que é dor, o carinho e a felicidade
foram muito maiores, estávamos iniciando uma linda forma de troca.
Nos
dias seguintes ele continuou se alimentando do meu amor e do colostro, alimento
extremamente importante para sua imunidade, pois é rico em anticorpos, que
brotavam suavemente dos meus seios. Um seio a cada mamada, dei sem controle de
tempo, sem pressa para acabar, curtindo cada instante. A sensibilidade que deixou
os mamilos doloridos foi aliviada com as milagrosas pomadinhas, e
passaram definitivamente com o tempo e são bem toleráveis.
Depois
de dois dias do parto, ainda na maternidade, o leite veio com todo seu
esplendor, acompanhado sim de muita dor, meus seios ficaram enormes de uma hora
para outra e duros, quentes. Recorri na
madrugada a parteira (enfermeira obstétrica) que acompanhou minha gestação e o
parto, ela me tranquilizou e sugeriu que não mexesse, mas que deveria dar de mamar ao pequeno.
Disse que no dia seguinte tudo voltaria ao normal, que fazia parte do processo.
Logo tudo fluiria. Que bom poder contar com esse apoio num momento tão frágil.
Mulher parida requer muito carinho e cuidado, a mudança emocional é grande e o
suporte de pessoas experientes é muito importante. A quarentena muito mais que
repouso físico é uma reordenação emocional, nem sei se poderia chamar assim,
mas é uma fase que a mulher precisa de três coisas fundamentais, apoio, apoio,
apoio, não merece ser questionada, nem julgada, apenas apoiada nesse mar de
descobertas que começa a navegar. Não é em vão que o trabalho de parto é algo
trabalhoso, de certa forma difícil, pois é algo que trás a tona a força da
mulher, sua garra e vontade, que na minha experiência foi fundamental para o momento que surgiu, o da
maternidade.
De
fato, logo meus seios voltaram ao normal, e o pequeno pode se alimentar com um
leite fresquinho, rico de bons pensamentos que emano quando me sento para
deliciá-lo.
O
fluir do leite está, a meu ver, diretamente ligado com o fluir da mãe, ela tem
que estar plena, sem questões emperrando o processo, mesmo pequenas coisas
podem atrapalhar esse fluir natural. É uma forma de nos libertarmos de nossas
travas e nos permirtirmos sermos pessoas mais soltas, mais livres.
É
muito gratificante poder nutri-lo, me sinto em ligação com a natureza, com a
Terra abençoado planeta-mãe. Porém é preciso querer, estar
disponível, se permitir esse contato e essa dependência, mesmo nas madrugadas a
fora, tudo com muito afeto e calma. Paciência para que ambos desfrutem esse
momento onde ninguém pode interferir, mudar, nem fazer por nós. É um momento de
mãe e filho.
Vejo
o Amamentar como uma experiência de entrega da mulher para seu bebê, que se
nutri não só de leite, mas também de carinho, de presença, de dedicação, de
calor, de colo, de aconchego, de cheiro que ele conhece, de carinho, de
brincadeira, de conforto nos momentos de dor, de AMOR!
Vivi